10/06/2010

Uma análise cristã de O Símbolo Perdido





por Johnny T. Bernardo



Terminei recentemente a leitura do livro O Símbolo Perdido de Dan Brown e, devo confessar, o achei intrigante e ao mesmo tempo surpreendente. Devemos reconhecer a capacidade que o autor tem de entremear história da religião com ficção, desenvolvendo muitas das vezes obras que prendem a atenção do leitor do começo ao fim.

O que mais me chamou a atenção em O Símbolo Perdido não foi às referências a Maçonaria, aos pais fundadores e seu envolvimento com os Mistérios Antigos, porque tudo isso já consta de nossas pesquisas e arquivos, mas as inúmeras alusões a trechos da Bíblia. Dan Brown usou diversas referências bíblicas para a nova trama, colocando-as sob a luz do misticismo e da Francomaçonaria. Há até mesmo uma alusão a um pastor e sua pregação televisiva. Tal ocorre na altura do capítulo 96 quando Robert Langdon e a cientista noética Katherine são imobilizados por seu agressor, o místico Mal’akl. Isso talvez se explique pelo fato que Brown nasceu em uma família cristã; sua mãe, Constance (Connie) era musicista e tocava órgão na Igreja. Brown e seus irmãos participavam da escola dominical e cantavam no coral. Aparentemente Brown era um cristão convicto e reverenciava as Escrituras e tudo que ela ensina. Há, porém, uma questão nas entrelinhas. Em uma entrevista concedida à Michele Delio, Brown fez a seguinte confissão:

“Meu interesse por sociedades secretas foi despertado pelo fato de ter nascido na Nova Inglaterra, cercado por clubes clandestinos ligados às universidades da Ivy League, pelas lojas maçônicas dos Pais Fundadores da América e por núcleos secretos dos primórdios do governo americano. A Nova Inglaterra tem uma longa tradição em matéria de clubes privados da elite, fraternidades e confrarias secretas”.

Tal explica o porquê da presença das principais sociedades secretas nas três últimas obras do autor: Iluminati (Anjos e Demônios), Opus Dei e Priorado de Sião (O Código da Vinci) e a Maçonaria (O Símbolo Perdido). Não se sabe até que ponto Brown esta envolvido com sociedades secretas, mas acredita-se que os seus primeiros contatos teriam ocorrido quando ele morava juntamente com seu pai na universidade de League. Praticamente todas as universidades dos EUA possuem sociedades secretas organizadas por professores e ex-alunos. Foi em uma dessas universidades que surgiu uma das mais terríveis e satânicas fraternidades do mundo e onde a família Busch foi iniciada nos mistérios antigos. Estamos falando da Skull And Bones (Caveira e Ossos) fundada em 1833 na Yale e que possui um histórico de blasfêmia e práticas ocultas. O ritual de iniciação, semelhante em alguns aspectos com àqueles praticados na Maçonaria, acontece no interior de uma casa antiga nas dependências da Yale, onde o iniciado jura obediência e lealdade total à sociedade secreta. A cerimônia de iniciação envolve praticas sexuais e um ritual macabro praticado dentro de um caixão.

Foi em meio a todo este misticismo e ocultismo que Brown cresceu na universidade de League, ao mesmo tempo em que frequentava os cultos da igreja em que seus pais eram membros. Em O Símbolo Perdido o autor revela parte desta experiência ao entremear estórias de mistérios antigos, símbolos pagãos com notas bíblicas forjadas para dar base à Nova Era.

A Maçonaria nos Estados Unidos

A história da Maçonaria nos Estados Unidos começa por volta de 1730 quando ingleses estabelecem a primeira loja em solo norteamericano, a Casa do Templo mencionada entre os capítulos 114 a 126 de O Símbolo Perdido. Encravada no coração da capital dos EUA, ao norte do Capitólio e da Casa Branca, a Casa do Templo reuniu durante sua história as principais figuras do tabuleiro político do país e do mundo. Pelo menos treze presidentes maçons governaram o país. O número de adeptos gira em torno de dois milhões, presentes nas mais de 16 mil lojas espalhadas pelos 50 estados da Confederação. A Maçonaria deixou sua marca na história dos Estados Unidos, como na Independência (1776), na construção de Washington e na anexação do símbolo da pirâmide inacabada na nota de um dólar.

Dan Brown dedicou
dois anos ao estudo da Maçonaria e disse não ter encontrado nada que comprometa a sociedade. Do começo ao fim de O Símbolo Perdido o autor descreve a ordem como uma fraternidade de pessoas normais, comprometidas com o bem e dedicadas à leitura da Bíblia. Bem diferente do que acontece em O Código da Vinci, onde Brown descreve a pequena ordem católica Opus Dei como uma sociedade truculenta, dominadora e manipuladora de massas e governos. É evidente o fato que a Opus Dei possui um papel estratégico na política internacional, mas parecenos estranho que a Maçonaria seja descrita de maneira tão superficial e descomprometida em O Símbolo Perdido. Isso tem gerado uma suspeita que Dan Brown é maçom, havendo até quem sugira que ele teria alcançado o grau 33.



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